A gigante brasileira Globo atinge o Content Americas com ‘Má conduta judicial’, sobre ‘Tudo o que resta da vida de uma pessoa depois que a justiça cobra seu preço’

A gigante da TV brasileira Globo apresentou sua estreia mundial da série brasileira “Justiça: Misconduct” na Content Americas, ao mesmo tempo em que destacou sua programação para 2024, apresentando por meio de bobinas elegantes e rápidas sua série de novelas sempre populares, como “Crossed Paths”, “ Land of Desire” e “Perfect Love” ao lado de provocações sobre a continuação de sua série de sucesso “Justice”.

“Justiça: Má Conduta”, a série criada por Manuela Dias, é uma narrativa de complexidade moral e ligação humana enquadrada pelos dilemas que rodeiam a noção de justiça.

A primeira temporada estreou em 2016. Tendo como cenário o cenário ricamente texturizado de Recife, no Brasil, a série se desenrolou por meio de histórias interconectadas de personagens navegando nas águas turbulentas da justiça e da redenção. A 2ª temporada leva esse sucesso, construindo quatro novas histórias ao longo de sua execução. Muda também de geografia, ideia do diretor da série Gustavo Fernández, situando as histórias em Ceilândia, Brasília e arredores. O sucesso da primeira temporada foi destacado pela indicação de melhor drama e atriz no 45º Prêmio Emmy Internacional em 2017, mostrando o apelo global da televisão brasileira.

Alguns personagens originais retornam, mas a maioria são histórias novas com um elenco forte, incluindo Murilo Benício (“Assunto Interno”), Paolla Oliveira (“Doce Diva”) e Juan Paiva (“Um Lugar ao Sol”).

No episódio de pré-estreia, conhecemos Carolina interpretada por Alice Wegmann (“Rensga Hits!”) que retorna à sua cidade natal e família com o namorado Renato interpretado por Filipe Bragança, reencontrando Wegmann tendo ambos estrelado o vencedor do Emmy “Órfãos de uma Nação”. ” Lá ela é empurrada de volta ao trauma de uma década atrás, cercada pela toxicidade e pelo poder que seu tio (Murilo Benício) ainda quer exercer sobre ela. Ela luta com o desejo de sua família de manter um crime de abuso “na família” ou de buscar a cura expondo as agressões que sofreu.

O anúncio da 2ª temporada faz parte da expansão estratégica da Globo de sua oferta de conteúdo original no cenário internacional. A participação da Globo na Content Americas reforça seu compromisso, com “Justiça” servindo como um excelente exemplo da capacidade da rede de produzir conteúdo com potencial para agradar o público em todo o mundo.

Ao lado de “Justiça: Má Conduta”, a Globo revelou uma linha robusta de séries Globoplay Originals para o mercado internacional, incluindo uma adaptação do romance de estreia de Fernanda Torres, ‘The End’, sobre cinco amigos machistas de Copacabana, no Rio, que refletem sobre seus dias de glória hedonista à medida que envelhecem. exitos; “Carved In Stone”, um documento sobre o submundo do jogo no Rio com Pedro Bial anexado; e “Living On A Razor’s Edge”, criada por José Junior (“Anti Kidnapping Unit”), uma série inspirada no sociólogo e ativista brasileiro Herbert de Souza, uma figura-chave no movimento político do Brasil dos anos 60 para mobilizar os pobres. Julio Andrade (“Sob Pressão”) será o protagonista.

Angela Colla, chefe de negócios internacionais e coproduções da Globo, destacou a importância da Content Americas como plataforma para apresentar a variada biblioteca de conteúdo da Globo e explorar potenciais parcerias de coprodução.

“Content Americas é o primeiro evento de 2024 e vamos reforçar todas as nossas possibilidades e soluções de negócios neste mercado. Nossas novelas têm muito reconhecimento, principalmente na América Latina, e continuamos lançando nossos sucessos”, disse Colla.

Ela acrescentou: “Além disso, é importante destacar que temos um portfólio variado, com séries, documentários, além de formatos que podem ser adaptados para produções locais. São títulos para conquistar todos os tipos de público, com temas que o público procura. Além disso, o Content Americas também é uma oportunidade para conversar com potenciais parceiros visando projetos de coprodução”, disse Colla.

Variety conversou com Manuela Dias antes da estreia mundial

“Justiça: Má Conduta” mantém seu formato de sucesso, mas apresenta novas cidades e histórias. Como você abordou a preservação da essência da série original?

Dias: ‘Justiça: Má Conduta’ conta quatro histórias que se entrelaçam porque se passam na mesma cidade, ao mesmo tempo. O protagonista de uma história pode ser coadjuvante em outra ou aparecer como figurante em uma terceira história. Assim como somos os personagens principais da nossa história e, ao mesmo tempo, figurantes na vida de outras pessoas, como o entregador de moto que hoje fez uma entrega em nossa casa. Para esse entregador somos figurantes sem nome e sem história.

Além da cidade, cada uma das quatro histórias inclui um crime que leva alguém à prisão. A série se propõe a investigar o que resta da vida de uma pessoa depois que a justiça cobra seu preço. Ambas as temporadas compartilham exatamente o mesmo formato, mas em cidades diferentes e com quatro histórias de crimes completamente diferentes. Ambas as temporadas também contam com a personagem Kellen, interpretada por Leandra Leal. O lapso de tempo de 7 anos entre as duas temporadas é uma passagem real do tempo que foi incorporada à vida do personagem.

É intrigante a escolha de Brasília e Ceilândia como principais localidades, ambos ambientes urbanos rigorosamente planejados. Como essas configurações influenciaram a narrativa e o estilo visual da série?

Mais da metade dos episódios acontecem em Ceilândia, com o Plano Piloto ao fundo. Essa troca do espaço narrativo com o espaço hegemônico se comunica com um dos principais objetivos da série ao longo de todas as temporadas, que é localizar o ponto narrativo em personagens a partir de um cenário histórico. A voracidade da vida quotidiana aplaina a paisagem humana e transforma as pessoas em papéis, despojando-as das suas características interiores e histórias pessoais e, portanto, da sua importância. Esta escolha de miradouro visa restaurar esta paisagem humana.

Você disse anteriormente que ‘Justiça’ tem mais a ver com o conceito de justiça do que com a lei em si. Como as histórias da 2ª temporada exploram esse tema e o que você espera que os espectadores aprendam com isso?

As leis são temporais, cíclicas e culturais e, por essa mesma razão, muitas vezes injustas. Além disso, existem crimes irreparáveis, como o homicídio. Nada que possa ser feito, nem mesmo a terrível pena de morte, restaurará a vida da vítima principal. E, se a justiça já é falha em teoria, as suas práticas e todo o sistema penal contribuem ainda menos para um processo restaurativo na sociedade. Pensar em justiça é também pensar em perdão e vingança. Existe alguma justiça na vingança? Acredito que estas são questões relevantes porque muito da nossa ideia de civilização está ligada à possibilidade de haver Justiça na Terra ou, pelo menos, uma espécie de Supremo Tribunal de Justiça Divina, em que os casos que nos escaparam aqui seriam resolvidos. . Como autor, espero que as pessoas questionem a realidade do nosso país e revejam os seus conceitos e preconceitos. Mas, acima de tudo, a dramaturgia de “Justiça: Má Conduta” sensibiliza as pessoas a terem mais empatia e respeito pelo próximo, pois todas as pessoas são seres complexos com suas dores e sonhos.

Você colaborou com Walter Daguerre e João Ademir na criação desta temporada. Como essa colaboração moldou a série e houve algum debate criativo ou avanço significativo durante o processo que pareceu distintamente diferente da primeira temporada?

O audiovisual é sempre um trabalho de equipe e os colaboradores fazem toda a diferença. Walter participou da primeira metade do processo. Depois continuei sem equipe de escritores, mas com uma pesquisadora e antropóloga incrível, Aline Maia. João Adhemir é um roteirista brasiliense que entrou na fase final do processo, trabalhando diretamente comigo na localização e na prosódia. Além dos colaboradores do roteiro, a parceria com Gustavo Fernández, que dirigiu “Justiça 2: Má Conduta”, foi decisiva para o produto final. Tanto que a ideia de trazer a série para o polo Ceilândia-Brasília foi dele. Além disso, Zé Luiz Villamarim, diretor da primeira temporada e atual diretor de dramaturgia dos Estúdios Globo, foi parceiro ativo e decisivo em todo o processo.

A série apresenta uma mistura de atores consagrados e novos talentos. Como esse elenco diversificado contribuiu para a narrativa e quais foram os desafios e recompensas de trabalhar com um grupo tão variado de atores?

A rigor, não são exatamente “novos” talentos. São atrizes e atores incríveis e muito experientes que estavam fora do círculo mais conhecido do público. Esta abertura é fantástica e todos podemos beneficiar dela. Atrizes como Gi Fernandez ou Belize Pombal, protagonista de uma das histórias, são um presente para qualquer autor e diretor. O frescor e a originalidade de sua leitura de cena são incrivelmente instigantes e muito desafiadores. Ao mesmo tempo, escrever para atores como Murilo Benício, Paolla de Oliveira, Marco Ricca e a jovem e brilhante Alice Wegmann… é outro privilégio incrível, seu imenso repertório transforma o texto, o que faz as delícias de qualquer dramaturgo. Me sinto muito realizada com esse elenco, fruto do trabalho dedicado das nossas produtoras Marcella Bergamo e Ingrid Amaral.

Parece haver um foco regional crescente nas produções brasileiras. Você está otimista com as oportunidades disponíveis para os criadores do setor?

Além da cidade, cada uma das quatro histórias inclui um crime que leva alguém à prisão. A série se propõe a investigar o que resta da vida de uma pessoa depois que a justiça cobra seu preço. Ambas as temporadas compartilham exatamente o mesmo formato, mas em cidades diferentes e com quatro histórias de crimes completamente diferentes. Ambas as temporadas também contam com a personagem Kellen, interpretada por Leandra Leal. O lapso de tempo de 7 anos entre as duas temporadas é uma passagem real do tempo que foi incorporada à vida do personagem.

É intrigante a escolha de Brasília e Ceilândia como principais localidades, ambos ambientes urbanos rigorosamente planejados. Como essas configurações influenciaram a narrativa e o estilo visual da série?

Mais da metade dos episódios acontecem em Ceilândia, com o Plano Piloto ao fundo. Essa troca do espaço narrativo com o espaço hegemônico se comunica com um dos principais objetivos da série ao longo de todas as temporadas, que é localizar o ponto narrativo em personagens a partir de um cenário histórico. A voracidade da vida quotidiana aplaina a paisagem humana e transforma as pessoas em papéis, despojando-as das suas características interiores e histórias pessoais e, portanto, da sua importância. Esta escolha de miradouro visa restaurar esta paisagem humana.

Você disse anteriormente que ‘Justiça’ tem mais a ver com o conceito de justiça do que com a lei em si. Como as histórias da 2ª temporada exploram esse tema e o que você espera que os espectadores aprendam com isso?

As leis são temporais, cíclicas e culturais e, por essa mesma razão, muitas vezes injustas. Além disso, existem crimes irreparáveis, como o homicídio. Nada que possa ser feito, nem mesmo a terrível pena de morte, restaurará a vida da vítima principal. E, se a justiça já é falha em teoria, as suas práticas e todo o sistema penal contribuem ainda menos para um processo restaurativo na sociedade. Pensar em justiça é também pensar em perdão e vingança. Existe alguma justiça na vingança? Acredito que estas são questões relevantes porque muito da nossa ideia de civilização está ligada à possibilidade de haver Justiça na Terra ou, pelo menos, uma espécie de Supremo Tribunal de Justiça Divina, em que os casos que nos escaparam aqui seriam resolvidos. . Como autor, espero que as pessoas questionem a realidade do nosso país e revejam os seus conceitos e preconceitos. Mas, acima de tudo, a dramaturgia de “Justiça: Má Conduta” sensibiliza as pessoas a terem mais empatia e respeito pelo próximo, pois todas as pessoas são seres complexos com suas dores e sonhos.

Você colaborou com Walter Daguerre e João Ademir na criação desta temporada. Como essa colaboração moldou a série e houve algum debate criativo ou avanço significativo durante o processo que pareceu distintamente diferente da primeira temporada?

O audiovisual é sempre um trabalho de equipe e os colaboradores fazem toda a diferença. Walter participou da primeira metade do processo. Depois continuei sem equipe de escritores, mas com uma pesquisadora e antropóloga incrível, Aline Maia. João Adhemir é um roteirista brasiliense que entrou na fase final do processo, trabalhando diretamente comigo na localização e na prosódia. Além dos colaboradores do roteiro, a parceria com Gustavo Fernández, que dirigiu “Justiça 2: Má Conduta”, foi decisiva para o produto final. Tanto que a ideia de trazer a série para o polo Ceilândia-Brasília foi dele. Além disso, Zé Luiz Villamarim, diretor da primeira temporada e atual diretor de dramaturgia dos Estúdios Globo, foi parceiro ativo e decisivo em todo o processo.

A série apresenta uma mistura de atores consagrados e novos talentos. Como esse elenco diversificado contribuiu para a narrativa e quais foram os desafios e recompensas de trabalhar com um grupo tão variado de atores?

A rigor, não são exatamente “novos” talentos. São atrizes e atores incríveis e muito experientes que estavam fora do círculo mais conhecido do público. Esta abertura é fantástica e todos podemos beneficiar dela. Atrizes como Gi Fernandez ou Belize Pombal, protagonista de uma das histórias, são um presente para qualquer autor e diretor. O frescor e a originalidade de sua leitura de cena são incrivelmente instigantes e muito desafiadores. Ao mesmo tempo, escrever para atores como Murilo Benício, Paolla de Oliveira, Marco Ricca e a jovem e brilhante Alice Wegmann… é outro privilégio incrível, seu imenso repertório transforma o texto, o que faz as delícias de qualquer dramaturgo. Me sinto muito realizada com esse elenco, fruto do trabalho dedicado das nossas produtoras Marcella Bergamo e Ingrid Amaral.

Parece haver um foco regional crescente nas produções brasileiras. Você está otimista com as oportunidades disponíveis para os criadores do setor?

Há um clamor devido, geral e histórico para que o audiovisual e todos os tipos de narrativas se abram imediatamente à diversidade e à inclusão de novos pontos de vista. Eu faço parte desse clamor. Já está claro que quem conta a história afeta a forma como a história é contada. Devem ser criados incentivos institucionais reais para que vozes historicamente silenciadas possam actualizar a história do país, recontando as suas histórias e todas as histórias que quiserem. O avanço da tecnologia levou a uma intensa democratização dos meios de produção audiovisual, agora cabe também à vontade política criar incentivos de todas as formas para que esse processo possa ser impulsionado e atingir um público cada vez maior.